Não é fácil escrever sobre um
livro como Cem anos de solidão.
Começo, aqui, reconhecendo minhas limitações. Terminei de lê-lo há, mais ou
menos, uma semana e fiquei enrolando até esse momento para escrever esta
resenha. Encontrei-me contra a parede: enquanto não a escrevia, não me permitia
começar a ler outra coisa. Então, vamos lá!
Não sei por que, mas tinha um
certo medo de ler esse livro. Sempre
ouvi dizer que ele era muito longo, muito complicado, muito chato, muito... lá
estava eu, mais uma vez, na Livraria Cultura de Porto Alegre, quando vi a sua
nova edição olhando para mim, implorando para ser devorada... folheei;
estranhei, pois achei-o curto com letras grandes; comprei! A leitura
estendeu-se um pouco mais do que eu queria: comecei a lê-lo nas férias em
Chapecó, que se prolongaram a Porto Alegre e terminei-o depois da mudança para
Buenos Aires. Engraçado eu ter terminado aqui, cidade em que ele foi lançado
pela primeira vez em 1967.
Apesar de o livro completar, este
ano, 45 anos (!!!), ele é muito atual. As personagens são tão bem
construídas, que é impossível não se identificar com alguma delas (ou várias delas). É inevitável
não se emocionar e não ver poesia em cada frase.
Cem anos de solidão conta a saga dos Buendía, uma família de solitários. A história é contata em
círculos, que se fecham e, depois, se repetem na nova geração de Aurelianos e
de José Arcádios.
"...o coronel Aureliano Buendía quase conseguiu compreender que
o segredo de uma boa velhice não é mais que um pacto honrado com a solidão (...)
Alguém se atreveu, certa vez, a perturbar sua solidão:
- Como vai, coronel? - perguntou ao passar.
- Aqui - respondeu ele. - Esperando meu enterro passar" (p.238).
Já no começo, notei grande
similaridade entre Cem anos (já estamos íntimos, afinal, foi uma leitura de mais de 01 mês!) e O tempo e o vento, de Erico Veríssimo, escrito entre 1949 e
1962: ambos contam a trajetória de uma família em uma cidade em formação (Macondo
e Santa Fé); ambos estão repletos de guerras, de romances e de paixões
(extraconjungais); para mim, algumas personagens são até mesmo “parecidas” (Úrsula
e Bibiana, ou Fernanda Del Carpio e Luzia Silva); é impossível acompanhar as
narrativas sem constantes olhadas na árvore genealógica das respectivas famílias.
Sempre soube que precisaria ler Cem anos
com um caderninho de anotações ao lado para ir mapeando a família, mas o legal
da nova edição é que ela já vem com a árvore genealógica dos Buendía! Navegando
pela internet, achei umas árvores muito complicadas (doidas)!
Ao contrário dos meus preconceitos (no sentido literal da palavra), a leitura é agradável e fácil. Não posso dizer que é rápida, pois é impossível não parar para ficar remoendo passagens. Sobre uma delas, fiz até um post (Caralho!). Acho que é preciso ler o livro inteiro para entender o seu significado. É preciso conhecer Úrsula melhor.
"Úrsula passou a tranca na porta, decidida a não tirá-la pelo resto da vida.
'Vamos apodrecer aqui dentro', pensou.
'Vamos virar cinza nesta casa sem homens, mas não daremos a este povoado miserável
o prazer de nos ver chorar'.
Ficou a manhã inteira buscando uma recordação de seu filho nos rincões mais secretos,
mas não conseguiu encontrar nada" (p.214).
Em 1982, Gabriel García Márquez
ganhou o Prêmio Nobel de Literatura por
“seus romances e seus contos, nos quais o
fantástico e o realismo são combinados em um mundo ricamente composto pela
imaginação, refletindo a vida e os conflitos de um continente” (tradução
livre – retirado de Nobelprize.org).
Em 2007, no IV Congresso Internacional da Língua Espanhola, na Colômbia, este livro foi
considerado a 2ª obra mais importante da literatura hispânica, ficando atrás
apenas de Dom Quixote.
Precisa de um motivo a mais para
começar a ler? A jornada é fantástica!
Livro: Cem anos de solidão
Autor: Gabriel García Márquez
Lançamento: 1967
Edição: Record, 2011
Páginas: 447 (com letras grandes!)
Esse livro: é meu, comprado na Livraria Cultura de Porto Alegre
Livro: Cem anos de solidão
Autor: Gabriel García Márquez
Lançamento: 1967
Edição: Record, 2011
Páginas: 447 (com letras grandes!)
Esse livro: é meu, comprado na Livraria Cultura de Porto Alegre